Agora mesmo, eu estou sentada sozinha em um café em Budapeste. Eu não sei o nome deste lugar nem o que eu pedi para beber, exceto pelo garçom que acenou todo animado quando eu apontei pra alguma coisa no meio do cardápio, deve ser algo gostoso. Eu não tenho planos concretos para o resto do dia, ou, na verdade, para a semana, exceto pela vaga possibilidade de encontrar em Berlim umas australianas que conheci no couchsurfing e catar tudo que caiba dentro de 2 malas de 32kg pra entrar num avião. Viajar sozinha é uma faca de dois gumes: Eu estou aqui sozinha. Eu estou solitária. E eu também estou feliz.
A arte (e eu sei que é uma arte) de viajar sozinha é complicado. Todo mundo pergunta, “Você não prefere ir com alguém?” Sim, claro que eu prefiro. Mas precisa ser um certo tipo de pessoa. Não aquele tipo de pessoa que da um ataque quando o wifi do hotel não funciona. Não aquele tipo de “sabe-tudo” que age como um guia amador. Não aquele cara que você não esta apaixonada. Ou até mesmo aquele cara que começa cada frase com “se fosse no Brasil…” Pra mim, é melhor estar sozinha do que com esses tipos de pessoas. Certa vez, um desses namorados que eu aceitei compartilhar uma viagem, olhou pra um cara sozinho que tentava tirar uma foto com aqueles pau de selfies, apontou pra ele e disse: “olha você viajando”. Ri junto pra não deixar ele sobrando mas depois pensei: pelo menos ele ta ali curtindo a solidão dele e parece feliz e você que só ta aqui porque eu também estou? Esse tipo de pessoa.