Fiz meu primeiro e único intercâmbio aos 19 anos, era março de 2006 e eu tinha acabado de passar numa faculdade federal mas devido as greves que aconteciam minha entrada tinha sido adiada para 2007. Nesse tempo fiquei me perguntando o que eu iria fazer com esses meses vazios… Eu sempre quis estudar fora mas meu pai nunca deixava, me falava que eu era muito nova pra sair por aí e pra tão longe. Mas eu tinha achado a oportunidade de barganhar uns mesezinhos lá fora, passei na federal hahaha bingo! Ele cedeu e eu fui para o Canadá porque era mais barato que os USA, nem sei porque nem considerei ir pra Europa, mas enfim. O máximo que consegui nessa barganha? 3 meses. Mal sabia ele que chegando lá eu descobriria que poderia mudar minha passagem de graça e mudaria pra passar mais 1 mês haha ¯\_(ツ)_/¯
Alô primeiro viajante! Esta semana uma amiga minha me mandou uma mensagem dizendo que estava embarcando pela primeira vez em uma viagem solo pela América do Sul, com orçamento apertado e uma mochila nas costas… principalmente pelo medo que ela demonstrou em encarar essa viagem eu resolvi criar um petit manual de sobrevivência do primeiro viajante. A mensagem dela foi a seguinte:
“tô aqui lendo teu blog. Tava pesquisando hostel, lendo 37282910 classificações, lembrei de tu e tuas escolhas de hostel que sempre rendem boas histórias… Todas as vzs que tive medo e pensei em desistir lembrei de várias pessoas que encaram aventuras por algum motivo muito pessoal, mas encaram. Lembrei de vc! Você também me inspira!”
Que coisinha mais bonitinha! ♥ Me senti responsável por inspirar uma mãe de 2 crianças mas que me manda áudio desesperada: “EU NÃO SABIA QUE EU PRECISAVA HABILITAR MEU CARTÃO DE CRÉDITO PRA VIAJAR!” hahaha então decidi escrever o meu manual de viajante alone in the dark pra ajudar quem quer que seja a perder esse medo e evitar pequenos acidentes de percurso! 🙂
Um curiosidade universal: como foi que eu criei coragem para morar fora.
A verdade universal: Não sabendo que seria tão difícil, foi lá e fez.
Essa semana eu recebi uma mensagem: “adoro suas postagens, você vive uma vida de novela”. Muita gente fantasiava demais quando descobriam que eu morava em Paris, juravam que eu vivia um sonho (sim, às vezes até eu acredito nisso) mas morar no exterior tá longe de ser sonho, é uma realidade tão crua mas que eu aconselho a qualquer um, em qualquer idade ou fase, experimentar uma vez na vida. Tempo mínimo? 6 meses.
Há 7 anos eu sai de casa e a foto acima foi apenas mais um natal que eu não pude estar presente. A cada ano eu me distanciava mais e mais daquela cidade que eu conheci como casa. E quanto mais eu me afastava, mais eu entendia que o meu lugar era estar distante porque era aquela andança que me fazia feliz, e se eu posso deixar um conselho pra você que hoje está longe, seria: Vamos permanecer tão corajosos quanto antes! Porque a nossa gente está em casa esperando por nós: estão ansiosos para nos ver. Povo, preparem seus abraços, nós precisamos deles!
Quando comecei a viajar sozinha não tinha em mente que seria perigoso, não tinha em mente que “meninas não faziam isso sozinhas” nem nunca passou pela minha cabeça que seria menos divertido estando só. Na verdade eu comecei a viajar sozinha por falta de opção mesmo… poucos pais no começo dos anos 2000 deixavam uma adolescente de 14 anos pegar um ônibus intermunicipal sozinha, então nenhuma amiga era autorizada a ir na minha onda e foi algo natural, fui desenvolvendo aos poucos e, eu devo muito aos meus pais, pela confiança e por me deixarem livre pra descobrir o mundo, mesmo que sozinha (ou até melhor que sozinha).
Viajar sozinha não deveria te provocar medo porém eu sei que esse medo é imposto por perguntas do tipo “mas você vai sozinha? não tem medo?” não. Meu pai sempre me dizia: não sabendo que era impossível, foi lá e fez. Eu não sabia que “isso não é coisa pra se fazer sozinha e fiz” O medo trava muita gente e esse medo é responsável por 90% das pessoas que desistem de viajar. Um exemplo? Tem gente desistindo de ir à Europa por medo de atentado terrorista. Se a gente for pôr isso na ponta do lápis é mais fácil a gente morrer em um assalto na esquina de casa do que um atentado terrorista. Tô mentindo?